Mecarõ. A Amazônia na coleção Petitgas é a primeira apresentação institucional da coleção de Catherine Petitgas, uma figura-chave no reconhecimento da arte latino-americana contemporânea na Europa.
A exposição, cujo título significa “o espírito da floresta” na língua Krahô, enfatiza a relação entre os artistas deste território e as questões sócio-econômicas e ambientais. E pode ser vista até o dia 20 de setembro no MO.CO. Convidamos o jornalista Eric Fontaine para nos falar um pouco sobre essa exposição :
Catherine Petitgas, muito mais que uma colecionadora :
Há mais de 20 anos, Catherine Petitgas viaja pela Europa e América Latina à procura de obras em sintonia com uma certa tropicalidade e não hesita em conhecer pessoalmente artistas, todos engajados com as grandes questões de seus países . É certo que seu marido é diretor da “The Tate International” , uma organização britânica que reúne vários museus e fundações. Catherine Petitgas construiu uma rede impressionante de talentos. Hoje ela divulga seu trabalho, dedicando seu tempo a escrever obras das quais é detentora de direitos autorais. México, Colômbia, Brasil, são territórios de suas descobertas . Foram inúmeras imersões nestes países na busca de objetos, pinturas, esculturas que serviram para completar sua relevante coleção artística. Uma coleção que reúne mais de 900 obras.
A exposição apresentada no MO.CO. O Hôtel das coleções, oferece uma seleção de mais de cem obras de cerca de cinquenta artistas da bacia amazônica. E lança luz sobre as relações entre artistas e seu ambiente social, econômico e mental.
« Mecaro” refere-se às forças vitais dos seres vivos, mas também às almas dos mortos. Um percurso por esta Amazônia de 7,4 milhões de km2, que representa 40% da superfície da América do Sul (Brasil, Bolívia, Peru, Guiana, Suriname, Venezuela, Equador, Guiana, Colômbia). Visitar Mecarõ significa encontrar artistas desse território, é também entrar no “Tropicalismo”, um movimento nascido no Brasil em 1968, cuja ponta de lança e artista Hélio Oiticica.
Na Amazônia retratada pela Coleção de Petitgas, estão representados o sistema “G”, de Gambiarra, palavra que molda o trabalho de sobrevivência na escassez. O ato de se virar com o que se tem. Mas também a consonância com o eco-sistema, as vezes se referindo as espécies nativas, ou aos bens resultantes da sobrevivência, feitos pelo homem, para dar continuidade a sua existência. A exposição também se refere a mutações urbanas, degradação natural ou química dos territórios. Percebemos uma grande diversidade nos temas apresentados.
A abstração e o movimento “Neo-Concreto” constituem a metadona de certos artistas, que proliferam sua arte com um espírito social e econômico.
O visitante levará cerca de duas horas para percorrer todas as salas . São inúmeras as dimensões artísticas que fazem desta exposição um todo coerente, decididamente político. Um prazer imenso quando sabemos que a urgência do hoje é o planeta, ou como salvá-lo.Artista em exposição :
Armando Andrade Tudela, Claudia Andujar, Brígida Baltar, Alberto Baraya, Milena Bonilla, Vivian Caccuri, Sol Calero, Patricia Camet, Tania Candiani, Carolina Caycedo, Chelpa Ferro, Lygia Clark, Donna Conlon, Alexandre da Cunha, José Damasceno, Elena Damiani, Tatiana Echeverri Fernandez, Sandra Gamarra, Ximena Garrido-Lecca, Gego, Anna Bella Geiger, Sonia Gomes, Beatriz Gonzáles, Claudia Jaguaribe, Lucia Laguna, Tonico Lemos Auad, Oswaldo Maciá, Teresa Margolles, Beatriz Milhazes, Paulo Nazareth, Maria Nepomuceno, Ernesto Neto, Rivane Neuenschwander, Lucia Nogueira, Hélio Oiticica, OPAVIVARÁ!, Nohemí Pérez, Solange Pessoa, Lucia Pizzani, Manuela Ribadaneira, Abel Rodríguez, Ivan Serpa, Valeska Soares, Clarissa Tossin, Erika Verzutti, Danh Vo e Luiz Zerbini.
Curadores :
Vincent Honoré, diretor de exposições e Anna Kerekes, Curadora Senior
Eric Fontaine – Jornalista
Depois de estudar administração (EDC) e jornalismo (Studio Ecole de France) começou sua carreira na Fun Radio de MONTPELLIER. Desde 2007 , dedica-se à produção de reportagens para a web (Blogs, Youtube, Dailymotion) e France Net Infos na área de Cultura. Foi colaborador voluntário para esta matéria no Iandê .