Aqui vai para você os nossos pontos verdes da edição Les Rencontres d’Arles 2019. Ou seja, o que mais nos interessou. Vai, também, um pouco do que vimos de Brasil neste Festival, que é um dos mais importantes do mundo.
Rencontres d’Arles no feminino
Finalmente, Arles tomado por mulheres
Isso foi lindo. Mas foram precisos cinquenta anos pra ver o Rencontre d’Arles no feminino. Seja visitando exposições, seja como curadoras ou artistas, Arles 2019 está com elas.
Evangelia Kranioti é a primeira a ganhar nosso ponto verde. Nossa favorita, mesmo antes dela levar o Prêmio Madame Figaro. Porque tem um trabalho de Titã e ainda consegue ser linda, vestir um vestido preto longo que acompanha perfeitamente sua cabeleira e sua voz suave, tudo isso num calor de 38 graus. Fotografada de vermelho por Olivier Metzger.
Merece nosso ponto verde também porque fala um pouco de português, além do grego sua língua natal, mas principalmente porque nos leva a nocaute com sua fotografia.
Sua exposição fica até o dia 22 de setembro na Chapelle Saint-Martin du Méjan em Arles : “The Living, The Dead and those at the see” Evangelia incluiu o Brasil na sua rota. Ao filmar na concentração do nosso carnaval, mostra um país maravilhosamente decadente. É esse Brasil recorrente em Arles, o que pede socorro. Tão onírico e agonisante.
No trabalho de Evangelia, esse Brasil Barroco Obscuro, està ao lado de outras imagens contundentes vindas dos confins do planeta. Ao percorrer as salas, encontramos a solidão, seja ela glamurosa de vermelho, ou abandonada em alto mar . Os personagens de Evangelia conhecem bem abandono, mesmo quando envoltos por abraços ou pela imensidão das ruinas humanas.
Segundo ponto verde para o Espaço Van Gogh, lugar de exposições históricas, importantes para o Festival.
Bom ver só fotógrafas ocupando este espaço. Helen Levitt, muito celebrada, pouco conhecida. Ao visitar a exposição bastante completa temos o prazer de entendê-la melhor. Suas rabugices, seus humores fotográficos. Ela nos mostrar uma New York única. Ode à infância e ao movimento.
Melhor ainda foi ver Abigail Heyman, Eve Arnold e Suzan Meiselas como amigas dividindo o mesmo espaço, perto de Helen. Em Unretouched Women, essas três damas da fotografia, nos falam dos anos 70, cada uma com sua escritura. Foi através de livros fotográficos que elas se afirmaram, contornaram clichês e nos deram modelos alternativos para a representação do feminino. Ponto verde vai inclusive pelo belo jardim do Espaço Van Gogh e pela pausa do calor. Nada como visitar exposições onde funciona um ar condicionado.
E depois do passado, futuro. Uma pequena exposição despretenciosa nos chamou a atenção no espaço Croisière : eram poucas fotos, mas o suficiente pra perceber a forte identidade de Pixy Liao. Ponto verde porque ela, que representa uma nova geração de artistas experimenta, brinca, inverte papéis e toma conta do seu mundo e do seu espaço. E o melhor foi encontrar por acaso a curadora da exposição, uma Americana, jovem que mora em Shanghai.
O poder das instalações no Rencontres d’Arles 2019 : Anonymous
O cartaz dos cinquenta anos do Rencontre d’Arles também está «na casa» vintage. Para ver mais sobre esse projeto, siga este link: www.anonymous-project.com/the-project
Fotolivros Brasileiros
Ponto verde para toda vez que encontramos os livros Brasileiros nos Les Rencontres d’Arles 2019. Seja nos momentos de assinatura ou nos espaços espalhados pela cidade.
Pierre Bessard estava na entrada de Arles e trouxe : Beijing Overshoot de Claudia Jaguaribe, o Marmitas de Edu Simões, Tangerina de Alexandre Furcolin, dentre outros. Leandro Pimentel estava na livraria L’Archa des Carmes, com a exposição Livro Livre e recebeu Ana Carolina Fernandes para assinar Prainha. A livraria tem sua própria coleção que também inclui o Brasil. Shinji Nagabe lançou Espinhas pela Editora Le Bec en L’Air. Espinhas ganhou o prêmio Maison Blanche 2018. Roberto Badin assinou seu livro Inside Japan. Dois fotógrafos brasileiros foram finalistas do Prêmio Rencontre D’Arles 2019 : Maldicidade de Miguel Rio Branco pela Taschen. E Claudia Andujar com A Luta Yanomani, editado e publicado por Tiago Nogueira.
Talento reconhecido em Arles – Prix découverte com toque brasileiro
Ponto verde pra Shinji Nagabe e sua République des bananas. Nosso finalista do Prêmio Descoberta Louis Roederer. Pelo humor, pela força e anarquia das imagens. Porque também vimos este trabalho crescer e tomar forma, e mesmo assim, conseguiu nos surpreender pela qualidade. Adoramos a montagem de Felipe Abreu, que segue a tendência das paredes adesivadas. Os que querem ter um Shinji Nagabi na parede, devem entrar em contato com a Galeria da Gávea.
No mesmo espaço nosso ponto verde também vai para Hanoko Murakami, trabalho lindo, para quem ama arquivos. E porque ela tem algo de Rosangela Rennó.
O que acontece na Fundação Manuel Rivera-Ortiz ?
Are you ready for a brand new beat? Summer’s here and the time is right for dancing in the street.
Ponto verde pra Fundação Manuel Rivera-Ortiz por ter sido, talvez, o lugar mais festivo deste Festival, e ainda sim trazer para o público as questões do momento atual. What is going on? Nicolas Havette, acertou o tom. O que a América, China, Itália, ou Brasil tem em comum? O que está acontecendo? Esta é a pergunta que mais se ouve na Europa. Uma honra para o Iandé, estar na Programação Oficial ao lado desta turma, para contribuir com estas e outras reflexões.