Sendo durante seus 30 anos em redações de jornais ou em seus projetos pessoais, a fotógrafa Ana Carolina Fernandes tem um olhar apurado para aproximar o pessoal do documento. Seja porque ela se dá ao máximo ao seu trabalho de registrar os acontecimentos cariocas e brasileiros, seja porque ela sabe que o fotojornalismo passa antes de tudo entre histórias e memórias.

Ganhou sua primeira câmera aos 13 anos, se formou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e começou a trabalhar no jornal O Globo aos 19 anos. Ganhou dois prêmios de fotojornalismo da Folha e foi finalista do prêmio Conrado Wessel em 2013. Mas sobretudo, esteve presente com sua câmera em todas as últimas manifestações políticas e sociais, vivendo cada luta que o Brasil passou nos últimos anos. Está no meio do carnaval, dos eventos esportistas e também da natureza. Com essa trajetória toda, o jornal NY Times a apontou, bastante tardiamente, como uma das fotógrafas mais influentes do Brasil.

Em 2015 participou do FotoRio com uma grande exposição no Centro Cultural dos Correios em duas partes: uma com imagens de manifestações do Rio de Janeiro e outra com sua documentação da “Prainha”. A mostra “Ana Carolina Fernandes Repórter”, curada por Milton Guran, mostrava claramente porque Ana não é uma fotojornalista como outra qualquer. Seu olhar para em detalhes que para outros passam desapercebidos. E são esses detalhes ampliados que resumem o momento mais crucial: o desespero de um manifestante, o medo de uma situação, a tranquilidade de um surfista…

“Não fazemos uma foto apenas com uma câmera. Ao ato de fotografar trazemos todos os livros que lemos, os filmes que vimos, a música que ouvimos, as pessoas que amamos.” – Ansel Adams

Esse ano lançou, no festival de fotografia de Tiradentes, seu primeiro livro, “Prainha”, pela editora Origem. Projeto que desenvolve há quase 10 anos na Prainha no Rio de Janeiro, na região do Recreio dos Bandeirantes. Praia de surfistas, meio afastada e com isso mais selvagem, a Prainha tem vários laços com a fotógrafa: memórias de infância, terapia para lidar com problemas pessoais e projeto fotográfico.

“A Prainha faz parte da minha busca espiritual.” – Ana Carolina Fernandes